Nascimento de um personagem

Nascimento de um personagem

O nascimento de um personagem

        Quando vamos iniciar uma nova campanha de RPG (sucessão de aventuras ligadas umas as outras) o primeiro passo a ser dado é o de criar os personagens que iremos usar neste novo mundo. Embora muitos jogadores se limitem a criar ‘maquinas de guerra’, preocupando-se em números e estatísticas a fim de lhe assegurar a vida quando em combate, outros aspectos muito importantes são deixados de lado, tais como suas características psíquicas, as quais permitirão melhor interpretá-lo, e mesmo sua história, seu passado.
       Muitas vezes a culpa por este descaso ao criarmos um novo personagem se deve ao ‘Observador’, que por descuido ou omissão não repassa a seus jogadores informações vitais sobre o cenário em que será ambientada a aventura, e em outras, a culpa recai sobre o próprio jogador que está habituado a focar sua atenção apenas no combate.
        Um personagem que tenha um passado (história de sua vida) e um perfil psicológico marcante (obtido através das Características) irão render bons momentos ao permitir que o jogador tenha elementos suficientes para interpretá-lo, dando-lhe vida e fazendo de sua planilhas mais que apenas uma simples relação de valores numéricos usados para definir seu sucesso ou fracasso em determinadas situações de jogo.

Relembrando o passado:
        Antes de iniciarmos a criação de um novo personagem, é vital conhecermos muito bem o cenário em que ele vive, recebendo informações claras do ‘Observador’ sobre o que ele pretende apresentar em sua aventura, permitindo assim criar um personagem que não fique deslocado dentro do cenário ou pior: se revele um completo inútil diante dos desafios que lhes serão apresentados ao longo da campanha.
        De posse dessas informações, podemos começar a criar nosso personagem. Devemos buscar criar um personagem que nos grade, que tenha um perfil psicológico interessante e que saibamos como interpretar. Adquirir ‘Características psíquicas desfavoráveis’ apenas para ganhar ‘pontos de criação’ e não agir de acordo com as limitações impostas por ela poderia ser considerado o mesmo que trapacear!
       Criar o passado do personagem, o que ele fazia, onde nasceu, algum fato interessante, etc, além de justificar a aquisição de algumas ‘habilidades’, poderá resultar em situações inteiramente novas na aventura, uma vez que mesmo o ‘Observador’ poderá usar um destes fatos de seu passado para adicionar um elemento inusitado (como a vingança de um velho desafeto), quanto você poderá usar sua história para obter algum beneficio (ao viajar a uma terra distante, a qual já fora visitada pelo personagem em seu passado pode resultar em algum amigo no local). As possibilidades são infinitas.

Quem sou? como vou agir?
      A aquisição das ‘características psíquicas’ lhe permitirão moldar o caráter do personagem, sua personalidade, enfim, como ele irá agir diante da realidade! Sabemos que ninguém é perfeito, todos nós temos alguma falha, quer seja uma fobia, uma teimosia incrível ou mesmo somos tão pacifistas que não pisaríamos em uma formiga sequer (ta bom, exagerei um pouco quanto as formigas!), o que significa que nossos personagens também tem de ter suas limitações, resultando assim em novos desafios para que você (jogador) consiga superar sem exceder os limites de seu personagem.
      Utilizando corretamente, e planejando bem quais as ‘Características Psíquicas’ a serem adquiridas quando da criação de seu personagem, você pode acabar não criando um ‘super’ personagem, que seja o melhor guerreiro, o mais corajoso herói ou um infalível hacker; mas, por outro lado terá em mãos um grande desafio ao interpretar um personagem com características tão marcantes e diferentes das suas, levando-o a assumir outra identidade ao ‘mergulhar’ em mais uma aventura.

O que sei fazer? Como fazer?
         Um outro ponto importante é a seleção das ‘Habilidades’ de nosso personagem, definindo suas habilidades pessoais, adquiridas através de estudos, pratica diária ou ainda treinamentos e conhecimentos profissionais. Talvez muitos julguem normal um garoto de 15 anos ser um absoluto gênio em física nuclear ou ainda, um jovem guerreiro saber manejar inúmeras armas diferentes, dominar meia dúzia de idiomas e ter uma diplomacia que supera a de muitos reis...
        Porém, para aqueles que prezam o bom senso e o realismo (dentro do possível) a seleção das ‘Habilidades’ com base na história do personagem poderá justificar até mesmo o que antes era tido como injustificável! Lembram daquele garoto de 15 anos? Isso mesmo, sendo ele o filho de um brilhante cientista, que viveu desde que nasceu em laboratórios será que ele não teria aprendido nada? E aquele guerreiro, filho de um sábio que lhe educou a mente, enquanto ele lutava diariamente para sobreviver em um reino dominado por criminosos!

Super heróis e lobos solitários:
        Quem já não criou, ou pelo menos sonhou criar um personagem tão perfeito e completo a ponto de sozinho poder resolver qualquer situação? Quantos jogadores não ficaram chateados ao ver um único jogador combatendo os inimigos realizando as ações e roubando toda a gloria para si mesmo!?
      O RPG é um jogo que tem por objetivo o trabalho em equipe, a cooperação entre todos os participantes e como conseqüência temos um grupo de personagens que juntos são capazes de superar quaisquer desafios, cabendo a cada um uma tarefa que lhe seja mais familiar ou possível de ser executada. Se até o Super-homem tem a “Kriptonita” como fator que limita sua força, precisando (que seja) de uma simples criança para tirá-la de perto, por que um personagem de RPG precisa ser invencível?
      Um bom exemplo de grupo de aventureiros que juntos superam qualquer desafio, cabendo a cada integrante uma função é o dos jovens no conhecido desenho animado “Caverna do Dragão”, onde temos um arqueiro, um mago, um bárbaro, etc, cada um tomando uma responsabilidade durante o combate, agindo todos em conjunto.

O que importa é a diversão:
         Sendo o RPG um jogo de interpretação de papeis, ou seja, algo comparável a um teatro de improviso onde cada participante deve imergir em um personagem, e agir de acordo com aquilo que esse personagem faria (buscando pensar de forma diferente da sua) o momento da criação de um personagem não deve ser negligenciado, ou correremos o risco de criarmos um personagem que não nos agrade, com o qual seremos forçados a enfrentar inúmeros desafios por semanas, meses ou mesmo anos durante os quais estaremos jogando uma mesma campanha.
        Criar um personagem, é muito mais que combinar números e rolagens de dados! É um trabalho onde iremos unir elementos diferentes em uma folha de papel, com os quais poderemos (por alguns instantes) dar-lhe vida própria ao tomarmos nossas decisões com base no que ele mesmo agiria se estivesse diante dos desafios narrados durante a aventura.

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